
Se tivermos em conta que o poema abaixo pertence ao grupo dos inéditos de Natália Correia, escritos entre 1961 e 66, lemos melhor todo o poema e nele sublinhamos a crueza dos tempos em que a canção estava sempre estrangulada e da garganta (em sussurro) saiam as palavras proibidas (e todas podiam sê-lo, dependendo do interlocutor), enquanto procurávamos transpor os muros de medo que em torno se erguiam.
Zeca Afonso: Trovador da Voz D'Ouro Insubmisso
É de murta e de mar a tua voz
Com algas de canção estrangulada.
Aberta a concha da trova malsofrida
Saíste como sai a madrugada
Da noite, virginal e humedecida.
É de vinho e de pinho a tua voz
Com pranto de insofríveis flores banidas.
Mas é pela tua garganta que soltamos
As eriçadas aves proibidas
Que no muro do medo desenhamos.
E po
r isso veio Abril. E para o celebrar deixo uns autocolantes desenhados por alunos da minha escola. É interessante ver que há um jovem que de um cravo faz sair o pássaro da liberdade e da paz; há um outro que compreende que havia opressão e que nada paga a liberdade de hoje, a de expressão. Convém também sublinhar que há alunos que sabem, que há professores que ensinam e que há alunos que ouvem interessados, pena é que não são esses os alvos dos media que gostam de fazer crer que a maioria das pessoas é ignorante e a escola já não é o centro nevrálgico do saber. Onde aprenderam esses senhores a escrever, apesar de só dizerem dislates?De que viveriam se não tivessem ido à escola que desprezam e se não fossem os professores que hoje maltratam?
Zeca Afonso: Trovador da Voz D'Ouro Insubmisso
É de murta e de mar a tua voz
Com algas de canção estrangulada.
Aberta a concha da trova malsofrida
Saíste como sai a madrugada
Da noite, virginal e humedecida.
É de vinho e de pinho a tua voz
Com pranto de insofríveis flores banidas.
Mas é pela tua garganta que soltamos
As eriçadas aves proibidas
Que no muro do medo desenhamos.
E po

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