16.6.07

À Conversa

Quando estive em Londres, vai com umas três semanas, tive duas conversas interessantes: uma com uma jovem chinesa a estudar lá e que trabalha em part-time num Burger King e a outra com um senhor que andará pelos 70 e tal anos.
A primeira conversa girou em torno da higiene nos restaurantes. Como ela, quando foi para Londres, foi trabalhar para um restaurante chinês e, a seguir, passou para o da rede acima referida, ela foi absolutamente clara ao afirmar que, no primeiro, os chineses eram muito "lazy" no que tocava a limpeza; por exemplo, serviam-se de uma bacia de água ao longo de todo o serviço e que era com ela que, no fim, lavavam as bancadas, fogões e outros utensílios; pelo contrário, no Burger King, tinha de seguir normas rígidas de higiene. A rapariga era muito simpática e de sorriso fácil com estarão a imaginar e ficou com olhos sonhadores quando falámos de viagens e da facilidade que nós temos para ir de Portugal a Espanha, à França... ao UK. Ainda conversámos sobre Hong-Kong e Macau e as circunstâncias das ligações com Portugal e Inglaterra.
A segunda conversa começámo-la por volta das onze da noite. Quando nos aproximámos da paragem do 24, em Trafalgar Square, estava lá um senhor baixinho, de chapéu de fazenda aos quadradinhos, calça e casaco e o "umbrella" da praxe; o engraçado é que este guarda-chuva era vermelho! Bem, começámos a conversar porque ele, já irritado se virou para nós apontando para o relógio e dizendo que já ali estava havia quase uma hora! O que se estava a passar era que tinham fechado uma parte da Oxford Street, para obras, e o autocarro que o senhor queria não podia parar lá. Então ele tinha deduzido que iria parar ali, seguindo o seu percurso, mas que já lá tinha passado um e não tinha parado; quando lhe disse que o 24 que ali parava ia também para Victoria Station, diz-me ele no seu british accent: "You're an angel!" E blá, blá, blá, lá fomos nós conversando sobre várias coisas inclusive o caso incontornável da inglesinha Madeleine Maccann. Foi um momento particularmente interessante porque o senhor era realmente conversador, soltando as suas expressões inglesas a cada passo. Quando, entretanto eu liguei para o meu pai e lhe expliquei "I'm going to make a phone call to my father, who is in Portugal.", diz ele: "God bless him!"
Quando o autocarro parou, lá saiu ele e, com passinhos pequeninos mas ligeiros (guarda-chuva vermelho e enrolado na mão), dirigiu-se para a estação onde, por precaução ia buscar os bilhetes para no dia seguinte, domingo, ir visitar um amigo e não ter de ir para uma bicha como a da semana anterior que acabara por atrasá-lo tanto que ele desistira da viagem. É que, segundo ele, agora nunca se sabe com o que contar - antigamente não era nada disso! God bless him!
Penso que em geral os portugueses têm a ideia de que os ingleses são antipáticos. Eu não tenho essa experiência, antes pelo contrário. O que se passa é que temos de falar inglês! Assim sendo eles são muito atenciosos e explicam tudo direitinho. Quando fomos procurar a casa-museu de Sherlock Holmes, a mulher-polícia que nos orientou acrescentou: "Até costuma ser ele quem está à porta!" E ao chegarmos à casa, encontrámos à porta um sujeito alto, magro com um perfil muito semelhante a Holmes... english joke! Pena é ele estar com aquela réplica em plástico do chapéu típico da polícia! Por outro lado, mal saímos do metro e chegámos ao hall de entrada da estação de Baker Street, vemos as paredes com uns desenhos muito pequeninos do perfil da cabeça do famoso detective, com os seus igualmente famosos cachimbo e boné de orelhas.

Sem comentários: